segunda-feira, 3 de maio de 2010

Análise da obra Hamlet

CENTRO DE ENSINO ATENAS MARANHENSE - CEAMA
FACULDADE ATENAS MARANHENSE - FAMA
CURSO DE LETRAS - PORTUGUÊS


ANTÔNIO JOSÉ
ÂNGELA SILVA
GERCIVALDO PEIXOTO
JERONILDE PEREIRA
LAÍS ALVES
LUCIANA ALVES
NATALIE CRISTIE
VIVIANE FERREIRA
 
 
São Luís
2010

1. INTRODUÇÃO
 William Shakespeare

“Ninguém escreve para si, a não ser um
 monstro de orgulho. A gente escreve para
 ser amado, para atrair, para encantar.”
 Mário de Andrade
Não é nada fácil escrever sobre William Shakespeare, é considerado um dos mais importantes dramaturgos e escritores de todos os tempos. Seus textos literários são verdadeiras obras de arte e permaneceram vivas até os dias de hoje, quando trata das contradições da natureza humana.
Nasceu no dia 23 de abril de 1564, na pequena cidade inglesa de Stratford-Avon. Com 18 anos de idade casou-se com Anne Hathaway com quem teve três filhos.
Começa escrever sua primeira peça, Comédia dos Erros, no ano de 1590 e termina quatro anos depois. Nesta época escreveu aproximadamente 150 sonetos. Embora seus sonetos sejam até hoje considerados os mais lindos de todos os tempos, foi na dramaturgia que ganhou destaque. Há inúmeras evidências que conquistou sucesso e fortuna com o teatro. No ano de 1594, entrou para a Companhia de Teatro de Lord Chamberlain, que possuía um excelente teatro em Londres, o Globe Theatre.
Antes de Shakespeare, nenhum outro dramaturgo ou poeta havia mostrado a natureza humana em toda a sua complexidade: a paixão de Romeu e Julieta, a sua obra mais conhecida, o ciúme cego de Otelo, a ambição de Macbeth. Shakespeare também deve ser um dos escritores mais citados no mundo. Mesmo quem nunca leu Hamlet certamente conhece a famosa frase: "Ser ou não ser, eis a questão". Aqui e ali inquieta o leitor, coloca os limites entre a razão e a loucura, a extinção do fraco pelo forte, o conflito da identidade, como é o caso de um certo moço na obra Hamlet.
Neste período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elisabeth I. O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância. No ano de 1610, William Shakespeare retornou para Stratford, sua cidade natal, local onde escreveu sua última peça, A Tempestade, terminada somente em 1613. Em 23 de abril de 1616 faleceu o maior dramaturgo de todos os tempos.

Entre as principais obras de Shakespeare, pode-se citar: O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de verão, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de reis, Medida por medida, Megera Domada e A Tempestade, Romeu e Julieta, Macbeth, O Rei Lear, Otelo e Hamlet.
Período Maneirista
O Período maneirista ocorreu em meados de 1520 a 1600 entre o renascimento e o barroco, na tentativa de fazer uma harmonia entre a espiritualidade medieval e o renascentismo. Tem um perfil de difícil definição, mas em linhas gerais caracterizou-se pela deliberada sofisticação intelectualista, pela valorização da originalidade e das interpretações individuais, pelo dinamismo e complexidade de suas formas, e pelo artificialismo no tratamento dos seus temas, a fim de se conseguir maior emoção, elegância, poder ou tensão. É marcado pela contradição e o conflito e assumiu na vasta área em que se manifestou variadas feições. O maneirismo não delimita um espaço seu mesmo sendo o principal estilo entre 1530 a 1600 não consegue dominar sozinho esse período confundindo-se com a arte barroca, podemos ter exemplos disso  nas obras de Rafael e Michelangelo, onde há uma competição entre o expressionismo e o surrealismo maneirista. Conduzidas no século XIX por críticos como Heinrich, Jacob, esta fase, herdando preconceitos mais antigos, foi carregada com um juízo depreciativo, e maneirista e amaneirada foram qualificativos usados para designar uma arte que era vista como decadente, repulsiva e afetada, que se afastava dos cânones de equilíbrio, harmonia, racionalidade, moderação e clareza consumados na Alta Renascença pela obra de artistas comoRafael Snzioe na primeira fase de Michelangelo.
O maneirismo é visto também entre outros aspectos, como um estilo artístico da aristocracia culta e internacional, já o barroco num dado momento, inicia uma tendência mais popular, mais emocional. Com a propagação da congra-reforma e o com o catolicismo voltando a ser a religião do povo, o barroco triunfa sobre o maneirismo.
Há um momento em que  instala-se o relativismo universal, o ceticismo, onde   tudo tem dois lados, surge também o capitalismo decorrente da manufatura do comércio contribuindo assim para o surgimento de novas classes sociais propiciando também o individualismo, surgindo nesse momento, a figura de narciso (o narcisismo) doença de cunho individual  com uma concepção diferente do narcisismo da mitologia grega onde Narciso é feliz, pois nesse contexto, o narcisismo passa a ser um processo dialético de amor e ódio a si próprio. Tudo é relativo, surge então um homem ambíguo até mesmo em relação a sexualidade, para o maneirista o imaginário o erotismo se confunde com o narcisismo, a Gioconda (Monalisa) de Leonardo da Vinci é um exemplo de ambiguidade, algumas pinturas desse artista apresenta um caráter andrógino e este é um símbolo cósmico que caracteriza o encontro do masculino e feminino, o encontro de toda polaridade em Deus.
Historicamente, o Maneirismo vinha sendo considerado como a fase final e decadente do grande ciclo renascentista, mas hoje é reconhecido como um estilo autônomo e com valor próprio, e que já aponta para a arte moderna
Resumo da obra Hamlet
O rei Hamlet dominara após umas batalhas com Fortimbras, parte do território da Noruega que até então pertencia ao monarca Norueguês. O rei Hamlet falece logo após as conquistas que supostamente teria sido por causa de uma picada de Cascavel, e tempos depois o seu irmão, assume o trono do castelo de Elsinor. Sua mãe, Gertrudes, apressa-se em casar com Cláudio que era irmão do rei Hamlet. O príncipe fica indignado com essa situação e decide tomar uma posição.
O fantasma do rei Hamlet assola o castelo e os guardas que decidem contar ao príncipe que decide juntamente com os guardas ficar esperando pelo fantasma do pai. O fantasma do rei aparece e conta ao príncipe que não tinha sido morto por veneno de cobra e sim por um veneno que seu irmão tinha colocado em seu ouvido. De todas as formas o fantasma do príncipe pede ao príncipe que vingue sua morte, e o filho promete ao pai a sua vingança. Hamlet finge ter enlouquecido, mas o rei não se deixa enganar e coloca oficiais para vigiar o príncipe até descobrirem a verdade. Cláudio tenta matar o príncipe Hamlet de várias formas, falha em todas. Hamlet mata Polônio, que é conselheiro de Cláudio e pai de Ofélia, esta é a mulher que o príncipe ama. Hamlet faz uma peça com cenas que se parece com a morte de seu pai, incitando que já sabe de tudo que aconteceu verdadeiramente.
Cláudio indignado com a morte de Polônio, decide mandar o príncipe Hamlet para a Inglaterra. O rei escreve uma carta ao rei da Inglaterra pedindo que este matasse o príncipe assim que ele chegasse na Inglaterra. Hamlet descobre o plano e decide alterá-lo. No terceiro dia de viagem, o barco foi atacado por uns navios de piratas. Hamlet ofereceu dez mil coroas para que eles o levassem de volta. A morte de Polônio leva Ofélia à loucura, esta teria morrido ao tentar subir a um ramo para pendurar grinaldas de flores. O ramo partiu-se, e Ofélia morreu afogada. Laertes, que é filho de Polônio e irmão de Ofélia fica revoltado e este fica com desejo de vingança, Laertes invade o castelo, Cláudio diz a Laertes que o culpado é Hamlet e deve matá-lo em um duelo de esgrima. Os dois vão ao enterro de Ofélia e acabam brigando e são separados com muitas dificuldades pelos assistentes. Hamlet aceita o desafio e não sabe que Laertes envenenara o florete e Cláudio tinha botado veneno no vinho que era destinado à Hamlet.
Durante o combate Hamlet é ferido pela espada envenenada, em uma reviravolta as espadas são trocadas, com a troca da espada Hamlet fere Laertes, a rainha Gertrudes sem saber bebe o vinho que foi preparado para Hamlet, a rainha morre e Laertes já morrendo também fala a Hamlet que sua mãe morreu envenenada e que ele também iria morrer pois a espada estaria com um veneno mortal, Hamlet já sabendo que iria morrer, lança-se contra o rei e o golpeia com a mesma espada. Hamlet em seus últimos minutos de vida fala ao seu amigo Horácio que quem iria subir ao trono seria o jovem Fortimbras, e logo em seguida morre. Fortimbras assume o trono e faz o velório de Hamlet digno de um rei, com marcha fúnebre e salva de artilharia.

2. CARACTERÍSTICAS MANEIRISTAS EM HAMLET
Pode-se observar de acordo com as características maneiristas na obra Hamlet, o individualismo, a alienação, a metalinguagem que a obra mostra (Mise-em-abyme), questões relevantes a moral e ao sobrenatural. 

  • A questão sobrenatural se dá quando Hamlet entra em conflito com sua mente e a ordem do pai-morto, o fantasma do pai aparece, Hamlet não sabe mais usar a razão para controlar seus atos, não sabe se deve acreditar naquilo que é humano, prefere acreditar naquilo que é sobrenatural, então arquiteta sua vingança. O paradoxo na verdade é evidente desde o inicio de seu plano para honrar o pai.
  • Hamlet busca a explicação em fatores divinos para explicação de suas ações no decorrer da obra, até mesmo possuir uma dupla personalidade, Hamlet finge estar louco como parte do plano de sua vingança, fica alienado, consumido pela sede de vingança.
  • Hamlet pai e Hamlet filho morrem da mesma maneira, envenenados e traídos. Ofélia no decorrer da obra apresenta características semelhantes ás de Hamlet, solidão, melancolia e por tudo que aconteceu a sua volta, fica louca, fica cantando pelos cantos ao saber da morte de seu pai, e comete suicídio.
  • A Mise-em-abyme (obra dentro da obra, metalinguagem) é evidente na parte em que Hamlet arma uma peça chamada a ratoeira, esta deveria mostrar como seu pai foi assassinado para atingir diretamente ao Rei Cláudio.
  • O incesto cometido por sua mãe e seu tio são fatores sociais que se mostra na peça, ato que fortalece mais ainda o sentimento de vingança de Hamlet
3. CONCLUSÃO
A obra se caracteriza como tragédia desde o momento que Hamlet deseja se vingar do Rei Cláudio que o faz tomar atitudes (individuais) diversas que levam à morte de muitos personagens, inclusive a sua. Apesar de toda a ira, Hamlet sempre se mostra inteligente, principalmente quando arma a peça para encenar em frente toda a corte. A alienação é decorrente da sede de vingança, as atitudes tomadas por ele mostram o quanto o personagem estava desnorteado, esse fato se inicia desde seu encontro com o fantasma de seu pai.
No que se refere aos aspectos míticos, de deuses influenciarem os heróis ou intervirem em suas jornadas, na obra Hamlet não é demonstrado esse aspecto, com exceção da aparição do fantasma de seu pai, onde é levado mais para o caráter religioso que é uma característica peculiar da época do renascimento, observa-se também nas orações inúteis do Rei Cláudio para Deus. A catarse se evidencia logo após a morte do Rei Hamlet que gera tristeza e melancolia no príncipe e depois de saber a verdade sobre a morte do pai, em uma reviravolta muda toda sua personalidade e seu estado de espírito, se consome pelo espírito de vingança, no entanto, Hamlet, algumas vezes, age impulsivamente levado pela exaltação de seus sentimentos. Nesses momentos, ele parece realmente fora de si, como quando mata Polônio, que ele pensava ser Cláudio, escondido atrás de uma tapeçaria, estes sentimentos de temor e piedade é que são frutos da catarse.
Diferentemente do herói trágico grego, subitamente confrontado com seu destino após promover uma sucessão de ações calamitosas – “Hamartia”, Hamlet demonstra possuir uma profunda capacidade de se posicionar ante a ordem objetiva, o que nos faz entender que não há a presença de Hamartia.

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